Há nove meses um fenômeno na cena LGBTQIA+ carioca surgiu. Primeira roda de samba LGBTQIA+ da cidade, a Sambay se tornou um sucesso recebendo cerca de 1500 pessoa a cada edição. Abrindo ala para a diversidade, rompeu barreiras geográficas, com edições em São Paulo, e atingiu o mainstream com participação em festivais grandes como o Universa Spanta e Auê Festival.
O público que se diverte ao som de grandes sucessos na voz de Rodrigo Drade e seus convidados (a cada edição novos artistas dividem o microfone com o cantor oficial da roda), enquanto assiste o bailado do Sam Tri, trio de dançarinos que acompanham a performance, nem imagina a revolução que está causando na cidade conhecida por ser o berço do samba.
“Ouvia que esse público não gostava de samba e a Sambay está provando o contrário”, comenta Rodrigo. Apesar da forte ligação com a produção do carnaval carioca, a comunidade LGBTQIA+ quase sempre ficou restrita a parte visual da festa e nunca teve muito espaço como musicista ou intérprete. No restante do ano é como se o samba não existisse para esse público. Pior ainda, é como se esse público não existisse para o samba.
Vindo de uma família ligada ao gênero musical Rodrigo ainda revela que era aconselhado a esconder a sua sexualidade “para ter espaço no samba”. Quebrar essa barreira foi uma vitória pessoal, mas que ele deseja se amplie para acolher cada vez mais pessoas da comunidade. “Uma das coisas que mais gosto de observar nesse nosso movimento é ver pessoas jovens se aproximando do samba, assim como artistas que foram fazer participação e decidiram levar o samba e o pagode como estilo na carreira”, comemora.
Do alto do palco ele observa um público bastante diverso, com homens e mulheres, cis e trans, de todas as raças dividindo o mesmo espaço e celebrando o ritmo tão brasileiro. Mas ao seu lado ainda enfrenta dificuldade em ter uma banda 100% formada por integrantes da comunidade e faz um alerta importante: “Tivemos dificuldade em achar musicistas, em especial em alguns instrumentos. Enquanto a gente não ocupar esse espaço não haverá a mudança de uma maneira verdadeira. É preciso representatividade no palco para que todos os espaço de samba se tornem seguros para a comunidade”.
Enquanto isso o público vai se divertindo em espaços pensados para a comunidade. Parceira de palco de Drade na Sambay e responsável pelo Samba da Beta, a musicista Roberta Nistra acha fundamental a criação de mais rodas de samba LGBTQIA+: “Esse não é um movimento segregador e sim acolhedor. Lá você encontra sapatão, gays, pessoas trans e até hétero vai”, destaca.
Apesar de marcar presença também em outras rodas de samba, só fala abertamente de sua sexualidade na Sambay. “Nesses outros espaços só o fato de ser mulher já é complicado, ser bissexual deixa isso ainda mais latente”, finaliza.
Quem sabe a Sambay veio para quebrar esses preconceitos e em breve teremos de fato o samba para todes!
Artistas e rodas de samba LGBTQIA+ para você conhecer
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