O dia olímpico foi tomado por uma série de ataques transfóbicos, em especial nas redes sociais. O mais abusrdo é que foram direcionados a uma atleta que não é transexual. Mesmo assim, muita gente acabou divulgando a identidade de gênero errada da boxeadora argelina Imane Khelif.
Foi o caso de JK Rowling, em mais um dos inúmeros casos de transfobia cometido pela criadora de Harry Potter (veja abaixo), e até do senador Sérgio Moro. O brasileiro inclusive não só transmitiu a informação errada de que a atleta seria transexual, como usou o termo “opção sexual”, ainda por cima para descrever algo que é sobre identidade de gênero. “Ninguém deve ser discriminado por sua opção sexual, mas precisa ter competição justa para as mulheres. Colocar alguém que mudou de sexo para competir no boxe olímpico com uma mulher não é fair game”, escreveu o senador.
Could any picture sum up our new men’s rights movement better? The smirk of a male who’s knows he’s protected by a misogynist sporting establishment enjoying the distress of a woman he’s just punched in the head, and whose life’s ambition he’s just shattered. #Paris2024 pic.twitter.com/Q5SbKiksXQ
— J.K. Rowling (@jk_rowling) August 1, 2024
A autora por sua vez escreveu se referindo a atleta no masculino: “O sorriso malicioso de um homem que sabe que está protegido por um establishment esportivo misógino, aproveitando a angústia de uma mulher que ele acabou de dar um soco na cabeça e cuja ambição de vida ele acabou de destruiu”. Mas, após o fim da luta, a atleta italiana citada por JK Rowling deu entrevista dizendo que abandonou a luta por sentir fortes dores no nariz depois de um golpe, sem mencionar qualquer questão sobre a identidade de gênero da oponente.
O mais absurdo é que mesmo sem o conhecimento sobre a boxeadora, afirmar que ela seria uma pessoa trans é facilmente descartado levando em consideração que a Argélia é um país que pune pessoas LGBTQIA+ por lei. Por isso jamais permitiria a participação de qualquer atleta transexual.
A discussão surgiu porque a boxeadora, assim como a Lin Yu-ting (Taiwan), não passaram em um teste de elegibilidade feito no Mundial do ano passado. Acontece que o mesmo foi realizado pela Associação Internacional de Boxe (IBA), entidade suspensa pelo Comitê Olímpico Internacional por falta de transparência na administração.
Toda a repercussão do caso levou o COI a divulgar uma nota afirmando que os procedimentos a que foram submetidas pela IBA eram pouco claros e arbitrários. Além disso, destacou que as duas atletas sempre estiveram dentro dos parâmetros estabelecidos pelo COI, pela Unidade de Boxe de Paris 2024 (PBU) e competindo em disputas internacionais de boxe, incluindo os Jogos Olímpicos de Tóquio 2020.
“Os ataques contra essas duas atletas se baseia inteiramente nessa decisão arbitrária, que foi tomada sem nenhum procedimento adequado”, afirmou a entidade máxima do esporte na nota. Segundo o COI, a decisão da IBA foi inicialmente tomada apenas pelo Secretário Geral e CEO da entidade, “sem um procedimento padrão estabelecido pela Associação”.
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