POR Pedro Ambrósio
Miranda Lebrão ganha ainda mais destaque ao ser anunciada como a participante brasileira da nova edição Global de RuPaul’s Drag Race.
Antes de terminar finalista da primeira edição brasileira da competição, já circulavam rumores de uma possível participação de Miranda na versão Global All Stars e durante a conversa, ela nos contou que estava gravando esta temporada enquanto os episódios brasileiros eram liberados para o público e por isso, realmente não teve um tempo para assistir tudo completamente e usar isso como referência para sua nova participação até voltar ao Brasil e poder entender como havia sido apresentada ao país.
No primeiro episódio de Global All Stars, Miranda já ganha destaque – tanto por sua participação icônica e elogiada no show de talentos como por também se abrir sobre sua condição muscular – resultado de um acidente por queimadura. O mais impressionante foi fazer isso depois de se apresentar em um trapézio! Mas foi a auto confiança e a segurança que mais me chamaram atenção. Ela atribui esse amadurecimento ao fato de ter aprendido muito com a primeira participação. Ao olhar mais para si mesma, conseguiu entender a magnitude das coisas, a intensa e desgastante rotina de gravações e as dificuldades que podem surgir no caminho. Miranda vinha há 10 anos se apresentando no Rio de Janeiro, mas foi ao se envolver na competição que viu os horizontes se expandindo e toda uma nova gama de possibilidades.
Miranda diz ter muito orgulho do que fez e de sua trajetória na realidade daquele momento. Ao abrir mão de coisas no Drag Race Brasil para estar no Global, encarou os desafios simultaneamente e isso aumenta a admiração dos fãs aos quais eu me incluo.
A conversa evolui para uma frase que estava na descrição do convite para essa entrevista. Miranda se diz “absurdo e sentimentos em forma de performance. Me interesso pela condição tão subjetiva e crua de expressar sentimentos e absurdos no palco e como isso pode ser interpretado pelo público”. Pergunto se ela pensa nessa interpretação externa quando prepara seus shows ao que ela diz não se montar para ser compreendida de primeira. Ela prepara suas performances para aquele público que se preocupa em refletir, revisitar e permitir-se mais de uma percepção sobre aquela imagem. Ela conta suas histórias e não tem vontade de falar sobre o mundo antes de falar sobre si e deixar as pontas soltas em suas andanças, permite mais ramificações, reverberações e interpretações.
Questiono então sobre as interações e os contatos com a toda poderosa RuPaul, Michelle Vissage e Allyssa Edwards e em tom de brincadeira séria, damos risada sobre a incapacidade dos norte americanos em pronunciarem a fonética brasileira do “ão”. Miranda LebrAUM, então, rapidamente mencionou sua admiração pela grandiosidade do que Allyssa Edwards significa para o universo drag e como ela mesma sabe disso e se porta como tal, o que é inspirador e admirável. Sobre Michelle, o comentário é sobre sua rapidez de raciocínio, resposta e leitura das situações. Novamente a chance de contracenar e aprender é mencionada. E Ru Paul, sendo a estrela máxima do universo Drag Race, ainda é difícil dizer sobre como se sentiu ao ser apresentada e projetada nesse palco gigante pela criadora de toda a franquia e referência mundial da arte drag. Foi como selar toda uma jornada com a certeza de que ali realmente a coisa começava de verdade.
Grandes emoções para nós brasileiros nessa nova etapa da copa do mundo drag.
What do you think?