Editora-chefe da Curve Magazine, uma das revistas lésbicas mais respeitadas no mundo com 30 anos de mercado, a jornalista Merryn Johns fala sobre diversidade e a visibilidade aos transgêneros
Nos anos 90, ser lésbica ou LGBT era um tabu. Hoje há mais incentivo para você ser quem desejar, contudo, há mais violência e preconceito. Você tem essa percepção?
Os relatórios da GLAAD (Gay and Lesbian Alliance Against Defamation) e da HRC (Human Rights Campaign) indicam que, embora tenhamos experimentado avanços nos direitos LGBT, e que haja mais visibilidade na mídia, os crimes contra pessoas LGBT, especialmente transgêneros, estão aumentando. A Curve apoia seus leitores e mostra que há diversidade em nossa comunidade. Não toleramos discriminação de lésbicas contra mulheres trans, por exemplo.
Qual artigo da Curve te surpreendeu mais nos últimos anos?
Fico surpresa como os leitores seguem suas vidas, apesar da enorme discriminação. Por exemplo, escrevemos um perfil sobre um casal de lésbicas casadas – uma negra e uma branca – que iniciou seus próprios negócios ao mesmo tempo em que planejavam uma família e tinham um filho cada. Também fico surpresa quando as celebridades escolhem sair na Curve e se abrirem sobre sua sexualidade.
São quase 30 anos de mercado. Quais destinos que mais te marcaram na questão da evolução do tema LGBT?
A Curve tem quase 30 anos! Há dez anos sou editora-chefe e tento promover as viagens LGBT como forma de conhecer outras pessoas e espalhar a aceitação global. Eu tenho muitos destinos de viagem favoritos, o Brasil é um deles e também a Argentina. Nestes países, aprecio meus amigos por dedicarem algum tempo para aumentar os direitos e a visibilidade LGBT, mesmo quando o governo não os apoia.
Qual destino que você sugere como experiência completa: de hospedagem segura, à respeito à diversidade?
Quando as mulheres viajam, elas precisam de segurança porque ainda há muita violência global. Para as mulheres americanas que gostam de viajar, eu recomendo o Havaí, onde não há maioria étnica. Além disso, eles mostram o espírito Aloha, que é amigável e acolhedor.
E pelo mundo quais são as iniciativas que te trazem novo fôlego?
Estou me envolvendo mais com causas ambientais para ajudar a proteger nosso planeta, e me sinto inspirada por jovens como Greta Thunberg, uma adolescente ativista contra as mudanças climáticas. Viajar ainda é minha paixão porque me conecta e abre minha mente. Em São Paulo, eu estava interessada em ouvir as pessoas sobre direitos humanos, a conservação da Amazônia, diversidade e inclusão.
Para saber mais: www.curvemag.com
Entrevista originalmente publicada na revista Viaje entre Iguais
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